salgar o pensamento mórbido com muito mar
e todas ou quase todas
solitárias armadilhas faróis distantes da literatura
que coisa essa
de insistir
em experiências
poesia mar
e se ilhar
revoltosa dentro de mim
uma cobra d’agua se retorce
por dentro da cabeça as aranhas seguem
tecendo redes com meus cabelos brancos
o coração
ainda exposto
os dentes também
deslumbrada e trôpega
porque por dentro
uma cobra revolta-se
bem no estômago
e me sobe pela goela
esgaçando os caminhos
não consegue sair
porque há muito perigo lá fora
violência em cada fala de retrocesso ordem cinismo
deixa meu coração de feridas batendo mais fraco
pesado
mancando em saltos altos sustento a pose
quase me esvaindo pela goela com a cobra
sal grosso para os maus pensamentos
cansada demais dessa humanidade toda em nós
só piora
tudo deteriora
vira ruína
nossos dias nossas vidas
só piora
diz a velha que fala pra dentro
ego sum, ego existo
e acha
que fez um poema
enquanto navega em chuvas
da ilha ao continente
dentro de besouros poluentes
e do continente pela ponte
irrompem floemas
mar de chuvas
e de novo o desejo
a experiência
pra dentro do umbigo revolve a cobra
d’água bem inocente
o veneno
a velha acha
que vem de fora