poema prótese

Uma fala se abre

para a negatividade

Minha voz inversa

experimentada na materialidade

do horror diário

na substância bruta dos nomes

que não sabe pronunciar

na solidão absoluta do

imperioso silêncio

Se eu digo “fora” é

aqui dentro que machuca mais

a pior violência é ter de

calar

assim o poema não cumpre

sua tarefa de curto-circuito

E se digo nessa voz

mecânica

me desfaço em

infinitos pixels

diminutas partes do

holograma eu

transformação incorpórea

O que resta para o curto-circuito

do poema?

Choque elétrico é muito

pouco

Volto ao estado de natureza