poema número seis

Estou fendida
de minha pele peneira
saem dores
sinto tanto…
Ouço suas vozes /de longe
elas me confundem
e a dor aprofunda
fura fundo atravessa
o choro não resolve
a dor
esta dor do não
esta dor de estar
pela metade.
A precariedade do
meu verso não
consegue dizer da
dor que sinto.
Ante a mesa da cozinha
que se encharca aos
poucos com as gotas
de saudade
escorrendo pelas paredes
e pelas janelas,
molhando o chão
se misturando com
a poeira dos dias,
imaginei mulheres
cujo sangue se coagula
em poemas.
Vocês, lobas marinhas
vocês que queimam
as ervas (daninhas)
elixir e veneno.
Há quantos quilômetros
existiria verdadeiramente
seria loba
seria sereia
seria completa?

Sei que preciso voltar
mas a barca em brasas
me leva mais pra lá
da distância.
Ainda assim resisto
e confio na barca
abrasante – vida –
e vou até os rincões
infinitos das nossas
palavras.